Abriu em Setembro e fica em pleno Lisbon Beer District, em Marvila: a Pravda nasceu em Lviv e apanhou o avião para Lisboa.
Na História, o Pravda ficou por famoso por ser o jornal oficial do Partido Comunista, no tempo da União Soviética. O nome acabou por entrar na cultura pop; em 2014, Yuriy Zastavny criou a marca e abriu uma cervejaria artesanal, em Lviv, na Ucrânia, o Beer Theatre Pravda.
Dez anos depois, a marca internacionaliza-se e aterra na capital portuguesa: «Por quê Lisboa? Boa pergunta. A minha mulher e filha passaram os primeiros seis meses da guerra em Lisboa [Fevereiro a Agosto de 2022], antes de regressarem à Ucrânia. Visitei a cidade algumas vezes e fiquei impressionado, conta o fundador ao TRENDY Report.
Lisboa acabou por ficar no “radar” de Yuriy Zastavny e, este ano, surgiu a oportunidade de entrar em Portugal, através de um contacto com Cláudio Cruz. Este consultor do mercado das bebidas foi brand ambassador de várias referências e o responsável, por exemplo, pela chegada do Gin Mare e do Gin Vine a Portugal.
«Já trabalho há mais de quinze anos nesta área, fora e dentro dos bares, mas nunca tinha lidado com cerveja. Foi um contacto mútuo que me falou da Pravda e da vontade de o Yuri querer abrir uma cervejaria em Lisboa. Foi tudo muito rápido e, em três meses, conseguimos ter tudo a funcionar», conta Cláudio Cruz (na foto de destaque), em conversa com o TRENDY Report.
A Pravda acabou por abrir em Setembro no Lisbon Beer District, onde tem a “companhia” da Dois Corvos, da Fermentage (fica mesmo ao lado, na Rua Capitão Leitão) e, mais longe, da Musa: «Fomos super bem recebidos, já nos conhecemos todos e surpreendeu-me que tenham recomendado aos seus clientes vir provar as nossas cervejas». Aqui, Cláudio Cruz tem a companhia da Carla Tavares, que ajudou no processo de abertura e tem funções ligadas ao backoffice do espaço.
Para Yuriy Zastavny, há mesmo «semelhanças entre o panorama da cerveja artesanal portuguesa e ucraniana», destacando o facto de as três marcas portuguesas não serem «apenas vizinhas», mas «também colegas». O dono da Pravda lembra que as quatro cervejeiras estão juntas contra as grandes empresas.
«Os pequenos fabricantes de cerveja são aliados. Enfrentamos as grandes empresaz sem rosto e todos fazemos o mesmo trabalho, copo a copo, para substituir o seu líquido com aspecto de cerveja pelo nosso produto feito à mão. É preciso tempo, esforço e educação, mas no final, para os nossos clientes, trata-se de respeito próprio e de saber a diferença», lembra Yuriy Zastavny.
O grande teste de fogo aconteceu durante a Oktober Festa, em que a Pravda não foi a tempo de participar. Mas, segundo Cláudio Cruz, não foi por isso que os «beer lovers» deixaram de experimentar as cervejas ucranianas: «Abrimos portas, metemos a nossa música, fizemos a nossa dinâmica com promoções, 2-por-1, rifas… foi, para já, o nosso melhor dia, sem dúvida: estivemos doze horas abertos».
E, afinal, o que se pode beber na Pravda? Nas torneiras estão sempre oito cervejas «não-filtradas e não-pasteurizadas», servidas em copos de 30 cl (entre 3,5 e 4,5 euros), com o objectivo de «haver sempre novidades de dois em dois meses». Na Ucrânia, a mais vendida é a Lviv Blanche (uma witbier belga feita com casca de laranja e sementes de coentros, fresca ecítrica), revela Yuriy Zastavny, mas em Portugal as preferidas são outras.
«A Facet, uma Pale Ale, é o nosso best seller, mas a Lviv Stout está a fazer um sucesso enorme, assim como a Lviv IPA. Depois, temos também a Putin Huylo [o nome é inspirado numa música ucraniana que insulta o presidente da Rússia], uma Golden Ale, que se tornou viral e deu um boom internacional à Pravda», conta Cláudio Cruz.
Além de podermos beber estas oito cervejas à pressão, a Pravda tem outras em garrafa e lata (importadas directamente da Ucrânia), além de ser possível comprar qualquer uma das referências que está nas torneiras em growls (garrafas) de um litro, com preços entre 6,99 e 10,99 euros.
O que não podemos é experimentar a gastronomia ucraniana: o objectivo da Pravda é, para já, dar a conhecer a cerveja deste país e apostar na «simplicidade ao máximo». Quem quiser petiscar, tem de se contentar com amendoins e batatas fritas, «doses individuais e com um preço acessível», explica Cláudio Cruz.
No entanto, Yuriy Zastavny não descarta o lado gastronómico da Pravda: «Não tencionamos cozinhar no bar de Lisboa, até porque é muito pequeno, mas gostaríamos de convidar cozinheiros para oferecer comida ucraniana e internacional».
Sobre o crescimento da Pravda em Portugal, a ideia é abrir mais bares, garante Cláudio Cruz: «Estamos sem dúvida à procura do próximo». A “verdade” ucraniana está, por isso, pronta a ser espalhada e… degustada em mais bairros de Lisboa.