Os anteriores relógios da Google não ficaram propriamente conhecidos por serem bons. Será que com o Pixel Watch 3 o caso muda de figura?
A Google chegou tarde ao mercado dos relógios inteligentes e dos smartphones, em Portugal: deixou marcas como a Samsung e a Apple dominarem as preferências dos utilizadores durante vários anos e só começou a dar sinais de vida em 2023.
Foi apenas no ano passado (em Outubro), a marca entrou em força em Portugal com os smartphones Pixel 8, a pulseira de fitness Fitbit Charge 6, os auriculares Pixel Buds e o smartwatch Pixel 2. Ou seja, na prática, a Google tem um ano de mercado.
Em 2024, a marca antecipou o lançamento das novas versões destes gadgets para Agosto e, nesta nova “colecção” veio o Pixel Watch 3, a terceira tentativa (segunda, em Portugal) de conseguir um lugar ao Sol – ou, melhor, ou nos pulsos.
Embora o design do Pixel Watch 3 pareça semelhante às versões anteriores, há algumas melhorias a apontar que o tornam um pouco mais competitivo, embora ainda fique longe de se bater de igual para igual com outros modelos que têm mais tempo de mercado.
Uma das principais é o ecrã AMOLED, agora com 2000 nits de brilho, que lhe dão uma melhor legibilidade em ambientes com muita luz. A moldura também está mais pequena e faz com que o ecrã seja maior: isto nota-se menos na versão de 41 mm (a que o TRENDY Report recebeu para teste) e mais na de 45 mm, que se estreia neste novo modelo.
A autonomia, que foi um um dos pontos mais criticados das versões anteriores, parece ter sido igualmente melhorada pela marca, mas nos nossos testes percebemos que se usarmos o Pixel 3 Watch 3 ao máximo, temos de o carregar ao fim de um dia e meio.
Claro que, se usarmos o brilho adaptável e desactivarmos o ecrã sempre ligado, vamos conseguir estender mais um pouco a bateria. Depois, há ainda um modo de poupança que, quando o relógio chega aos 15%, desactiva algumas funcionalidades para que a energia não se esvaia em poucos minutos.
No que toca ao fitness e à saúde, o Pixel Watch 3 inclui uma série de desportos, tem opções redundantes – inclusive, o modo ‘Halterofilismo’ aparece duas vezes, um erro que não podemos aceitar numa marca como a Google. Isto fez-nos lembrar aqueles softwares manhosos que vêm com os relógios knockoff vendidos na Wish e na Temu.
Depois, temos uma actividade chamada ‘Treino’, que não percebemos bem para que serve – ok, poderia ser para uma actividade física mais genéricas, mas se virmos bem, podemos facilmente encontrar o que queremos fazer, ao certo, entre os outros modos.
Outra coisa que a Google podia ter melhorado tem que ver com a compatibilidade: é impossível usar o Pixel Watch 3 com o iPhone, uma vez que a app do relógio não está disponível para iOS. Contudo, se conseguirmos emparelhar o relógio com a app Fitbit num Android, vamos poder vê-lo na versão correspondente para o sistema operativo mobile da Apple.
Com um preço a começar nos 399 euros, o Pixel Watch 3 não vai ter vida fácil no mercado nacional, uma vez que as “crónicas” Apple e Samsung têm propostas mais em conta. O mais recente Galaxy Watch 7 começa nos 319 euros e o “novo” Apple Watch SE ainda é mais acessível – 259 euros.
Apesar de corrigir vários defeitos as versões anteriores, o Pixel Watch 3 precisa de mais argumentos para ser uma alternativa válida aos modelos das marcas que dominam este mercado. Se tivesse um preço a rondar os duzentos euros, provavelmente tínhamos no pulso um campeão de vendas.
Por quatrocentos euros, duvidamos seriamente: o Pixel Watch 3 vai ter uma verdadeira tarefa hercúlea pela frente para conquistar os pulsos dos utilizadores, já muito acostumados a outras propostas com mais provas dadas no mercado.