O segundo dia do Festival de Vilar de Mouros, este ano caracterizado por um forte alinhamento dedicado ao metal, seguiu a tendência do primeiro dia.
Um recinto longe de estar cheio, com largas clareiras talvez possa ser justificado pela especificidade do cartaz. Os verdadeiros fãs de metal marcaram presença, mas o público em geral, que poderia encher o recinto, esteve notavelmente ausente.
A tarde começou com os RAMP, uma das bandas mais icónicas do metal nacional. No entanto, a reacção do público foi morna, reflectindo o ainda escasso número de pessoas no recinto. O concerto teve o seu momento alto com a versão do tema “Anjo da Guarda”, de António Variações, que conseguiu galvanizar o público.
Os Moonspell, que comemoram quarenta anos desde o lançamento do seu primeiro EP, foram a atracção principal do dia. O seu concerto começou com “Opium”, uma abertura poderosa que capturou de imediato a atenção dos fãs.
A setlist incluiu também faixas do álbum “1755” (lançado em 2017), que evoca o terramoto de Lisboa, transportando o público para uma atmosfera sombria e dramática. No entanto, o momento mais aguardado foi, sem dúvida, o encerramento com “Alma Mater”, um dos maiores hinos da banda de Fernando Ribeiro, que fez criou um coro colectivo entre os presentes.
Contudo, houve uma desilusão geral com a ausência de “Roots Bloody Roots”, tema icónico que muitos esperavam ouvir, mas que acabou por não fazer parte do alinhamento.
O regresso de Max Cavalera (ex-Sepultura) a Portugal foi outro dos momentos altos do dia. Com a sua habitual energia em palco, Cavalera conseguiu criar um ambiente electrizante. Este concerto foi uma verdadeira celebração da cultura metal, com uma setlist que percorreu os principais temas da banda, destacando-se a brutalidade e intensidade que são a marca registada dos brasileiros Soulfly.
Xutos & Pontapés: a segurança dos clássicos
Os Xutos & Pontapés subiram ao palco para o que se tornou um dos momentos mais seguros do festival. A banda, que já não precisa de provar nada a ninguém, entregou um concerto onde revisitou todos os grandes clássicos que marcaram gerações.
“Para ti, Maria”, “Vida Malvada” e “Contentores” foram cantados em uníssono, numa demonstração de que o legado dos Xutos continua intacto. O público, embora em menor número, mostrou que ainda há quem mantenha viva a paixão pelo rock português.
The Cult: a entrada dos suplentes, com final “radical”
Os The Cult enfrentaram a difícil tarefa de substituir os Queens of The Stone Age, mas conseguiram cumprir a missão com distinção.
O concerto decorreu sem grandes surpresas até ao final, quando ofereceram ao público uma das canções mais icónicas da banda: “She Sells Sanctuary”. Este tema, que ganhou especial notoriedade em Portugal ao ser a banda sonora do programa Portugal Radical (SIC), foi o presente perfeito para os fãs, encerrando a noite em alta.
O que fica deste segundo dia de Vilar de Mouros?
Apesar do esforço e da qualidade das actuações, o segundo dia do Festival de Vilar de Mouros foi marcado pela ausência de uma verdadeira multidão, o que pode ser um reflexo da segmentação do cartaz e da oferta musical mais de nicho.
Contudo, para os presentes, foi um dia repleto de bons momentos e de celebração do metal em todas as suas formas. Resta saber se os próximos dias conseguirão atrair um público mais vasto ou se o festival continuará a ser um evento para os fãs mais dedicados.
O TRENDY Report viajou até Vilar de Mouros num Nissan Juke cedido pela Salvador Caetano.