A segunda geração Kauai fez bem a este modelo: a primeira, apesar de ter alguns elementos estéticos fora da caixa, passava mais despercebida. A ‘marca’ N-Line dá-lhe um “poder” ainda maior.
O problema de alguns automóveis eléctricos está precisamente no facto de não serem carismáticos: são apenas mais um, sem quaisquer aspirações a ficar na história do design automóvel. Curiosamente, nos modelos que temos testado da Hyundai, a sensação é a oposta: o expoente máximo foi, sem dúvida, o IONIQ 5.
O Kauai HEV N Line segue pela mesma “estrada”: onde a sua actual versão dita “normal”, ainda que visualmente mais apelativa que a de estreia, deixava um pouco a desejar, esta opção desportiva ganha – o aspecto exterior.
Com várias linhas pronunciadas e agressivas a “rasgar” o chassis (onde também saltam à vista as jantes de dezoito polegadas), o resultado é um design agressivo, típico N Line, que faz lembrar um F-117, o histórico caça furtivo dos EUA. Lá dentro, este conceito fica vincado com uma linha vermelha que percorre todo o tablier e que se estende às portas, além dos pedais em alumínio.
Aliás, já tínhamos tido esta abordagem das linhas exteriores no Tucson híbrido que também tivemos oportunidade de testar, embora não seja N Line. Contudo, este Kauai, ao ter uma mistura entre cinzento e preto, dá mais ares de desportivo puro, onde também não podemos deixar de apontar a importância que tem o duplo escape para este visual.
Ainda na parte de fora, e tal como veio a acontecer com o novo Bayon, também o Kauai ganhou uma óptica LED frontal a toda a largura da parte da frente, um conceito a que a marca coreana chama Seamless Horizon. Depois, um pouco por todo o chassis, há “salpicos” desportivos neste modelo, como em ambos os pára-choques e nos contornos das ópticas.
Ao passar para o interior, temos várias marcas da Huyndai: por exemplo, o selector de marcha é igual ao do IONIQ 6 e os ecrãs fazem lembrar a abordagem no IONIQ 5, com uma pequena coluna de som do lado esquerdo.
Neste modelo há, porém, uma funcionalidade que ainda não tínhamos visto: sobre o volante, temos um sensor que detecta faltas de atenção. Assim, se desviamos olhar da estrada, são espoletados dois avisos: um visual (um olho vermelho no painel de instrumentos) e um sonoro.
Por falar em avisos sonoros, é preciso abordar uma das piores características deste Kauai, que começa a ser padrão em todos os modelos do género: aos alertas de segurança são muito intrusivos, dos piores que temos visto (e ouvido) recentemente.
Onde o Kauai ganha pontos é no sistema de infoentretenimento: o ecrã é generoso e tem menus intuitivos, com uma boa solução para dividir o ecrã e mostrar duas apps. Um dos menus de que gostámos mais foi do ‘Híbrido’, que, com um recurso a dois gráficos, mostra o desempenho do motor a gasolina e do eléctrico. Aqui, uma infografia põe-nos a par de como é que a transferência de energia está a ser feita entre os dois motores e a bateria; contudo, não podemos interagir com este ecrã para saber mais.
Este modelo vem ainda com patilhas no volante, de duas funções: em modo ‘Eco’, controlam a sensibilidade da renovação da bateria com três níveis; nos modos ‘Sport’ e ‘Snow’ servem para meter mudanças, até sete velocidades. Este último modo não é muito intuitivo e deve ser apenas usado por condutores que estão mais à vontade com este tipo de condução.
Também em condução, notámos que carregar no acelerador não dá uma resposta muito imediata, embora se trate de um modelo mais ágil que o que esperávamos. O que continua a faltar é uma forma de ver em concreto a autonomia da bateria e a do motor a gasolina; têm indicadores separados no painel de instrumentos, mas só sabemos a autonomia geral e não dividida.
Nas ligações, à frente, há três entradas USB-C, duas delas para carregar o smartphone e uma que inclui transferência de dados, para ligar o telemóvel ao Kauai; aqui, temos um botão para alternar entre a porta de carregamento e uma de carregamento mais dados. Para os passageiros que forem atrás, há mais duas USB-C.
É verdade que o USB-C começa a tornar-se cava vez mais a norma, mais ainda há muitos smartphones e outros dispositivos com USB-A, pelo que o Kauai acaba por ser limitado neste campo. O facto de não haver uma bandeja Qi para carregar, sem fios, um smartphone, também acaba por ser um ponto negativo. Do que gostámos foi do facto de não ser preciso usar um cabo para tirar partido do Apple Car Play e do Android Auto.
Durante os quatro dias que conduzimos o Kauai HEV N Line (aqui, na versão 1.6 GDi MY24 TT, com um preço de 39 670 euros), fizemos um consumo de 4,2 l/100 km em percursos mistos, o que se pode considerar muito bom, tendo em conta que o esperado seria valores na ordem dos 5 l/100. Os pedidos de test drive podem ser feitos no site da Hyundai.