Pornografia de vingança: quando a tecnologia é aliada do mal

©Kaspersky
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A palavra “grooming” apareceu, pela primeira vez, nos anos 90. Foi definida como a construção de uma relação com uma pessoa que está em risco e que por essa razão, pode ser abusada e manipulada. Antes disso, a palavra usada era “sedução”.

Esta mudança deve-se ao início do processo de digitalização, ao aparecimento da internet e à utilização do termo “online”. A sedução e aliciamento sempre existiu, mas a tecnologia facilitou a sua existência e promoveu a sua propagação.

Mais tarde, uma nova expressão integra o discurso comum – “pornografia de vingança”. Surge em 2007 e refere-se à partilha de imagens ou vídeos sexualmente explícitos na internet sem o consentimento da pessoa em questão. Apesar do termo integrar a palavra “vingança”, a intenção do utilizador mal-intencionado pode não estar diretamente relacionado com um ato de obter vingança.

Em todos os conceitos, ao longo das várias décadas, está implícito que um individuo possuí controlo e poder sobre outro indivíduo. A sedução e o aliciamento sempre estiveram presentes.

Desprezo pelo consentimento
A partilha não consentida de imagens íntimas não é um conceito novo. Sempre existiu. O alcance dessa partilha é que aumentou, bem como os dados que pode causar.

A mudança de nomenclatura reside na necessidade de expor o assunto e refletir sobre como podemos fazer algo para mudar o que experienciamos. A evolução tecnológica e posse de smartphones com as mais recentes capacidades permite que os utilizadores se tornem omnipresentes e tudo isso, graças ao alcance das redes sociais.

A captura, armazenamento e partilha de imagens, incluindo fotografias íntimas, tornou-se uma tarefa facilitada. Em alguns casos, até normalizada. Um estudo realizado pela Censuswide, em maio de 2024, a mais de 9000 indivíduos de todo o mundo, concluiu que cada vez mais os utilizadores banalizam o ato de tirar, guardar e partilhar fotografias íntimas de outros indivíduos sem o seu consentimento.

Esta prática é muito comum no ato de “sexting”, um termo que combina a palavra “sex”, com o termo “text”, originando o ato de manter relações amorosas e sexuais online. Uma das particularidades destes relacionamentos é o envio de fotografias íntimas.

Cerca de 20% dos utilizadores afirma ter imagens explicitas suas no seu dispositivo, sendo que a percentagem sobre para 24% entre os utilizadores com 16 e 34 anos. E, aproximadamente 25% dos inquiridos refere que já partilhou imagens explicitas. Mais uma vez, este número sobe para 39% nas idades entre os 25 e os 34 anos.

A investigação realizada também demonstrou que, apesar de vivermos na era da informação, os utilizadores não estão conscientes para a gravidade deste flagelo. Apenas 21% dos inquiridos que partilha uma fotografia solicita a eliminação da mesma, demonstrando a necessidade de sensibilização par os perigos e ameaças do mundo digital.

O novo normal traz novas regras
A mudança do século não trouxe apenas a mudança no termo utilizado para descrever um abuso online, mas também trouxe uma mudança no comportamento e na atitude dos indivíduos. As regras dos relacionamentos alteraram-se e a utilização do “sexting” como forma de comunicação amorosa e romântica é uma preocupação. Há cada vez mais uma tendência para viver apenas no mundo digital.

Ao observar todos os inquiridos, são os mais jovens que demonstram mais descontração, conforto e normalidade para com esta nova realidade e é na camada mais jovem que se observam mais atos de abuso de imagens íntimas.Posto tudo isto, temos que concluir: o ato de partilhar conteúdo confidencial e íntimo com uma pessoa, especialmente alguém com quem se tem pouca confiança, ou com uma relação de curta duração, é conceder-lhe poder em demasia.

Surge a necessidade de, face à mudança comportamental e de mentalidades, consciencializar os utilizadores para os perigos eminentes a que estão expostos, em especial os mais jovens.

Pedro Viana, diretor de pré-venda da Kaspersky em Portugal e Espanha

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