Sem Hífen: a marca que nos desafiou a usar ‘Foda Se’ numa t-shirt está em reconstrução, mas vai regressar em 2023

A criadora do conceito, Ana Cunha e Costa, diz que o que mais a encanta na moda é a liberdade, valor que acaba por estar reflectido na mensagem principal da Sem Hífen.

©Sem Hífen
©Sem Hífen

Em entrevista ao TRENDY Report, Ana Cunha e Costa, founder e CEO da Sem Hífen, confessa que o crescimento da marca, apesar de orgânico, foi muito rápido. Para este ano estão prometidas novidades.

Foi uma das marcas que, com a pandemia, se tornou viral. De um momento para o outro, várias figuras públicas começaram a ser vistas, e partilhar fotos nas redes sociais, com uma t-shirt preta, dominada por uma mensagem minimalista: Foda Se.

Com esta peça de roupa, a Sem Hífen acabou por reflectir o sentimento de muitos, nessa altura: «Foi a conjugação perfeita, estávamos todos a pensar no mesmo». Depois, acabaram por surgir outras mensagens, uma vez que a marca achou que «nem toda a gente ia ter coragem de usar roupa com esta palavra».

Neste momento, a Sem Hífen está a passar por uma pausa técnica: a criadora do conceito, Ana Cunha e Costa (que partilha a gestão da marca com o marido, António Bento – na foto de destaque), fala numa «fase de reconstrução», mas, em entrevista ao TRENDY Report, promete regressar em 2023 com novidades.

©Sem Hífen
©Sem Hífen | A t-shirt preta com a palavra ‘Foda Se’ tornou-se viral com a pandemia.

A Sem Hífen ganhou notoriedade por ter sido usada em público por algumas celebridades – qual foi o impacto real destes momentos na actividade da marca?
O impacto foi brutal. Assim que criámos a marca, pensámos no lançamento junto de algumas figuras públicas, mas tudo de forma “amadora”, com uma DM no Instagram para saber o que achavam… nunca enviámos a roupa sem ter o ‘ok’, sem saber se fazia sentido. Foi muito recompensador vermos o impacto que criámos junto dos maiores influencers em Portugal – identificaram-se com a marca, com as mensagens e com a qualidade dos produtos.

Depois, começámos a chegar a algumas pessoas sem sequer procurar. Foi muito motivador assistir a esse crescimento orgânico: num período muito curto, passámos de a uma marca que chegava a centenas de pessoas para estarmos no meio de um turbilhão e alcançarmos dezenas de milhares de pessoas. Foi o momento de viragem.

Têm várias mensagens na roupa, como ‘Amo Te’ ou ‘Atura Me’, mas a mais popular acabou por ser a ‘Foda Se’ – estavam à espera que isto acontecesse ou ficaram surpreendidos? E por que é que acham que isto aconteceu?
O ‘Foda Se’ era a única palavra que tínhamos em mente ao lançar a marca, era a que fazia sentido, para mostrar que uma palavra pode ter imensos significados sem hífen, sem uma ligação óbvia ou literal.

Poucos meses depois, chegou a pandemia e foi a conjugação perfeita, estávamos todos a pensar no mesmo: ‘Foda se’. No entanto, como achámos que nem toda a gente ia ter coragem de usar roupa com esta palavra, pensámos noutras que tivessem a mesma leitura.

Ao longo do ano foram lançando modelos com expressões dedicadas a acontecimentos sociais – qual é a importância e qual foi a aceitação por parte dos clientes deste tipo de iniciativas?
Vamos lançando algumas palavras/frases que fazem sentido em determinadas alturas, que retratam o que estamos a sentir relativamente ao “assunto do momento”. Isto nem sempre se traduz em produtos, mas somos uma marca com opinião e faz sentido comunicarmos desta forma.

A maioria dos seguidores da Sem Hífen identifica-se com a nossa opinião e isso é importante para nós. Mais que vender, queremos chamar a atenção para assuntos que mexem com a sociedade.

©Instagram / DR.
©Instagram / DR. | O actor Ricardo Pereira e a apresentadora da TV Maria Botelho Moniz foram duas das figuras públicas que promoveram as marca nas suas redes sociais.

Em Outubro, falavam em «colecções-cápsula quer podiam surgir». Que novidades estão a preparar para 2023? Vão lançar formatos novos ou novas peças de roupa, além das sweats, hoodies e t-shirts?
Estamos numa fase de reconstrução. Tivemos um crescimento rápido e temos uma equipa pequena, por isso abrandámos. No futuro, queremos ter parcerias que façam sentido e nos ajudem a alavancar a marca.

As t-shirts e os hoodies mantêm-se, fazem parte do ADN da marca, peças simples e acessíveis com uma mensagem forte! Continuamos a ter um canal aberto a sugestões dos nossos clientes e amigos; novos produtos e novas ideias estão nos planos da marca. Queremos continuar a ser uma “voz” através das nossas peças!

Como avaliam a moda como forma de activismo? Qual é o grande argumento para que isto seja uma realidade?
A moda serve e sempre serviu para passar mensagens, a forma como nos vestimos diz exactamente o que somos ou estamos a sentir no momento, mesmo que não pareça.

Pensem em alguém muito desleixado ou alguém muito arranjado: qualquer um destes comportamentos deixa-nos com uma impressão da pessoa. O que mais me encanta na moda é a liberdade! Acreditamos que quem decide vestir Sem Hífen tem uma palavra a acrescentar ao mundo!

Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo e-mail [email protected].