Feito com argila do Alentejo e um composto que junta rochas asfálticas, este tipo de barro é o primeiro a ser usado a nível mundial para criar uma estrada circulável.
Em Portugal, o barro é mais associado a olaria e a peças de decoração e cozinha, mas, a partir de agora, também o podemos começar a ligar a infratestrutruras de circulação.
Evoramonte tornou-se a primeira aldeia nacional a ter este novo tipo de pavimento aplicado a uma estrada circulável, um troço com cerca de 1,5 quilómetros que atravessa a localidade alentejana.
O barro usado para criar esta estrada é mais resistente que o tradicional, usado na olaria, uma vez que está reforçado com rochas asfálticas, usadas para fazer estradas tradicionais.
Como resultado, é criado um composto que passa a ser conhecido por «barro asfáltico», segundo Filipe Silva Ramos, engenheiro da SGS-E, a empresa que trabalhou em conjunto com várias olarias do Alentejo para criar esta matéria-prima.
O barro asfáltico tem uma cor semelhante à do barro tradicional, mas é mais viscoso e tem uma composição complexa, devido às emulsões betuminosas e aos hidrocarbonados que usamos para solidificar o preparado», explica o engenheiro.
Em relação ao asfalto tradicional, este tipo de barro é mais resistente a fissuras e abatimentos, a água das chuvas e ao calor, uma vez que a sua «viscosidade diminui com a temperatura»; esta estrada vai ficar, agora, sob análise de vários organismos para comprovar a sua eficácia e, caso os testes de durabilidade corram conforme o esperado, as estradas de barro poderão ser aplicadas a mais aldeias nacionais, como forma de substituir o alcatrão e reduzir o impacto ambiental.