Depois de ter mudado de identidade, como a adopção de uma palma dourada no logo, a Sociedade Vinícola de Palmela aponta a voos mais altos.
Portugal não é o limite para a Sociedade Vinícola de Palmela (SVP). A empresa fundada em 1964 passou a ter uma participação mais forte da família Cardoso (dona da maioria do terreno com duzentos hectares onde estão as vinhas), que já era accionista da empresa.
Isto fez com que tivesse havida uma mudança de rumo, desde logo com o rebranding da marca: o brasão com elementos monárquicos transformou-se num que faz lembrar o de uma cadeia hoteleira. Agora, a imagem centra-se numa palma dourada, com a palavra ‘Palmela’ em evidência.
Além disto, há dois anglicismos: ‘Est.’ (de ‘Established’, ‘fundada’) e ‘Wine Co.’ (de ‘Wine Company’, ‘sociedade vínica’ ou ‘empresa de vinhos’) – mas estas mudanças podem não ser apenas estéticas. Um dos objectivos da nova administração, com Vasco Guerreiro a CEO e Filipe Cardoso como administrador (e também enólogo), é reforçar a aposta no mercado internacional.
Para a Rússia, com amor
Depois da reestruturação, a SVP acredita que tem capacidade para «conquistar um lugar de referência no mercado nacional e além-fronteiras, e oferecer qualidade superior, tanto ao nível dos moscatéis, como nos brancos e tintos de perfil forte e bem vincado pelo terroir» da região de Setúbal.
Para já, as exportações representam 19% do negócio da SVP e os vinhos estão em quase vinte países, com destaque para Angola, Brasil e Dinamarca; a estratégia será «reforçar o crescimento» no Brasil e entrar na Rússia.
O outro eixo de inovação da SVP passa pela produção de vinhos premium, um contraste com o que tem acontecido até aqui, em que o principal objectivo era o preço. Neste momento, já estão no mercado a Serra Mãe e o Moscatel Botelharia, «uma edição limitada com produção de apenas trezentas garrafas que estagiou 21 anos em garrafa», destaca Filipe Cardoso.
Para breve estão prometidos «vinhos com muito tempo de estágio, quer na madeira, quer em garrafa» e «edições muito limitadas, alguns moscatéis mais antigos», avança o enólogo.
Palmela pode ser uma love brand?
Finalmente, a “nova vida” da SVP passará ainda pela aposta no enoturismo, uma vertente que várias empresas da região têm, com relativo sucesso. Em 2022 serão criados «programas de enoturismo, com provas, visitas à adega e a construção de um espaço que permita fazer pequenos eventos e formações».
Para tudo isto, a Sociedade Vinícola de Palmela tem um milhão de euros; contudo, o sucesso também irá depender da percepção que os clientes e o público possam ter desta “nova” marca – o objectivo é um dos mais complicados do mundo do marketing: «A médio e longo prazo, ambicionamos o reconhecimento enquanto love brand tanto na região de Palmela quanto na Cidade de Setúbal», conclui Filipe Cardoso