Crítica: Piratas das Caraíbas 5 – Homens Mortos Não Contam Histórias

Foi a estreia principal (a mais mediática) da semana passada nas salas nacionais: chama-se Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias.

Está de volta a saga de Capitão Jack Sparrow, agora no seu quinto capítulo, catorze anos depois de A Maldição do Pérola Negra. Já vimos o novo filme e ficámos entre as saudades de Sparrow e o exagero do espectáculo-Caraíbas.

Jack Sparrow continua mais ou menos igual a si mesmo, com as rastas, anéis, olhos negros e amor ao álcool. Parece um pouco mais tonto e deixado ao acaso – é o pirata mais sortudo de sempre – do que nunca.

E agora tem um rival de peso, o temível semi-crustáceo, Capitán Salazar, que é como quem diz, Javier Bardem. Contratação nova, que usa como slogan pessoal ‘El Matador Del Mar‘ com uma tripulação de mortos vivos.

Isto aproxima ainda mais a saga dos populares zombies, de Walking Dead (estes são mais rápidos). Será este um encontro Piratas-Transformers(pelo espectáculo)-Walking Dead? Em certa medida.

Há bons momentos em Homens Mortos Não Contam Histórias, mas o espectáculo, a certa altura, é exagerado, como noutros capítulos da saga. Jack Sparrow safa-se por mero acaso.

Antes parecia manipulador ao ponto de parecer sempre tonto e desapercebido mas, depois, revelava estar atento e ter um plano na manga. Agora parece que não há plano, só se safa (sempre e no limite), por mero acaso. Não é mérito dele. Tira força à personagem.

Dead Men Tell No Tales

Continua a ser uma saga divertida para se ir ver ao cinema, cativante por ter personagens por quem temos um carinho especial, mas podia ser bem melhor e mais fiel aos dois primeiros filmes. Entrou num modo ‘Michael Bay’ de onde parece que não irá sair tão cedo.

A sensação que dá é a de que quando o sobrenatural passou a comandar as operações, se tentou incutir mais e mais intensidade sobrenatural a cada novo capítulo. Agora é sempre exagero.

Depois há… Paul McCartney como tio de Jack (e com a mesma fatiota e estilo do sobrinho). Muito pouco convincente! As receitas não têm de ser repetidas – antes tinha sido Keith Richards como pai de Jack, mas com mais sucesso por vários motivos, até pelo perfil ‘rebelde’ de Keith.

No lado positivo há os novos membros do elenco, além de Javier Bardem, o perigoso capitão Salazar. Os dois jovens britânicos têm piada e química e são uma lufada de ar fresco numa saga já ‘antiga’, com treze anos.

Curiosamente emolam os papéis de Orlando Bloom e Keira Knightley no passado – eles que até voltam a entrar (mas pouco) nesta nova saga. Henry (interpretado por Brenton Thwaites) é o filho de Will Turner (Orlando Bloom – que aparece).

Este herói busca o lendário Tridente de Poseidon, a única forma de libertar o seu pai do mar. Depois há a nova rebelde-semi-cientista Carina Smyth, papel desempenhado por Kaya Scodelario – uma espécie de nova Elizabeth (Keira Knightley).

Dead Men Tell No Tales

A saga, agora com Homens Mortos Não Contam Histórias, ficou nas mãos dos noruegueses Joachim Rønning e Espen Sandberg, que não mudam particularmente o tom dos filmes recentes (nem podiam, Jerry Bruckheimer não o iria permitir).

Pormenores à parte, continua a saber bem rever Johnny Depp como Jack Sparrow, ele que não voltava desde 2011, quando surgiu em Piratas das Caraíbas – Por Estranhas Marés, com Penélope Cruz a vir com a maré.

Depp não tem parado, ou não tivesse dívidas para pagar. Entre outros, tem a chegar Crime no Expresso do Oriente, a adaptação do romance de Agatha Christie de Keneth Branagh e a sequela Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los.

Jovem de 36 anos, habituado a testar os melhores (e piores) carros, apreciador e crítico de cinema (e séries) desde que é gente, com gosto por tech, música, gastronomia, viagens, vídeo e (muitos) afins.