À terceira geração, o HR-V tem pouco ou nada que o ligue à versão lançada em 1999. Esta Black Edition é um SUV competente, aventureiro, mas que não tem o impacto do original.
Durante sete anos, entre 1999 e 2006, a Honda produziu um automóvel que todos nos habituámos a ver nas estradas nacionais. Com um aspecto semelhante a uma lancha, o HR-V tornou-se emblemático, muito por culpa deste seu look “marítimo”.
Este modelo tinha o aspecto de um utilitário, mas o facto de ter o chassis mais elevado (HR-V significa precisamente ‘hi-rider revolutionary vehicle’), em comparação com as propostas mais habituais da altura, fez dele um daqueles automóveis estranhos, mas cativantes que a industria produziu na viragem do século. O Fiat Multipla é outro dos que colocamos neste grupo.
Mas, como foi hábito neste mercado, as marcas raramente mantiveram a opção por designs “revolucionários” com o aproximar dos anos 2010: o HR-V, tal como o Multipla, sofreram com essa mudança e tornaram-se automóveis algo banais, perdendo o carisma dos seus antecessores.
Chegado à terceira geração, e à beira de um facelift (o novo deve ser anunciado em breve), o HR-V nada tem que ver com o emblemático formato de “barco” popularizado pela versão lançada em 1999. Agora, temos linhas clássicas de SUV, conservadoras, quer no interior, quer no exterior.
Mas, uma coisa é certa: como é um apanágio das marcas nipónicas, este Honda é muito competente, transmite uma boa sensação de segurança e robustez. Foi precisamente isto que sentimos em auto-estrada e em off-road, onde comprovámos o carácter aventureiro deste modelo.
Na verdade, conduzimos um SUV com um bom “kick” em modo ‘Sport’, muito disponível, com a devida falta de potência em ‘Eco’, em que é mais pastelão (o normal, não se trata de uma crítica). Em jeito de conclusão desta parte, é um bom automóvel para o campo, mas que se dá muito bem na cidade.
Ao volante, e depois de arrumada a questão do desempenho, virámo-nos para a experiência com o sistema de infoentretenimento e com o painel de instrumentos. A primeira coisa a apontar é o facto de a forma como vemos a autonomia eléctrica não ser imediatamente intuitiva.
Ao contrário de, por exemplo, o Crosstar, que tem um indicador para sempre visível no painel de instrumentos (tal como para gasolina), o HR-V esconde esta informação na representação gráfica que mostra a relação entre a energia gerada pelo pneus e pelas travagens e a que a bateria disponibiliza (imagem em baixo).
Mas, para ver isto, temos de entrar no menu ‘Fluxo de Potência’ do painel de instrumentos, que é apenas… um dos treze disponíveis e que só podem ser vistos à vez. Não gostámos desta opção: a Honda devia ter a autonomia eléctrica sempre visível, junto com a de combustível, para nos dar uma ideia imediata do estado do HR-V.
Desta forma, a autonomia que aparece no painel de instrumentos é sempre a geral – mas, mais uma vez, temos de escolher uma das opções deste menu do painel de instrumentos para a conseguirmos ver: ‘Autonom/comb’ (autonomia combinada). Isto não choca, contudo, com o facto de esta zona mostrar informação clara e bem organizada.
Como já tínhamos visto no Honda Jazz Crosstar, há um bom leque de botões físicos que complementam o ecrã táctil: volume (essencial, para nós), avanço/recuo na lista das rádios e playlists, home e voltar atrás. Aqui, há uma coisa curiosa: os botões de avanço/recuo funcionam para a totalidade das rádios disponíveis, mas os do volante apenas podem alternar entre as que estiverem nos favoritos (doze). Não percebemos esta diferença de interacção.
Temos ainda todos os controlos de AC e ar (dez, o que nos dá uma forma intuitiva e fácil de controlar está funcionalidade) e dois para os bancos aquecidos. Na mesma área estão também duas entradas USB-A e duas bandejas sem carregamento por indução – para este nível de equipamento, numa ‘Black Edition’, este elemento era mais que obrigatório, assim como a ligação Android Auto e Apple Car Play sem fios.
A manete das mudanças é a tradicional, o que pode apelar a condutores mais conservadores – aqui não há um formato mirabolante para engatar o recuo, o neutro e o drive. Basta movimentar o manípulo para trás e para frente: simples. Mais recuados, estão quatro botões: modo de condução (‘Eco’, ‘Normal’ e ‘Sport’), auxílio para descida inclinada, travão e brake hold – tudo bem acessível e no lugar certo.
Como referimos, a versão do HR-V que testámos, foi a Black Edition (em concreto, a 23YM 1.5 Elegance), cujo preço é de 37 500 euros. Terminámos o ensaio com um consumo de 4.1 l/100, pautado por percursos em cidade, autoestrada e serra, com 90% do tempo a conduzir em modo ‘Eco’, o que consideramos um óptimo resultado. Os pedidos de test-drive podem ser feitos no site da Honda.