Na Internet, fazer download grátis de uma coisa que é paga, normalmente é uma artimanha para conseguir algo mais que a atenção dos utilizadores. Os hacker viraram-se para o sucesso da FaceApp e estão de olho no seu smartphone.
A FaceApp é, sem dúvida, a aplicação mais popular das últimas semanas em Portugal e no Mundo. Com uma série de filtros, é possível rejuvenescer, tornar careca, colocar acessórios na cara, entre muitos outros, mas a funcionalidade que tem chamado mais a atenção é uma que permite envelhecer o rosto.
Contudo, a polémica está no facto de, nos termos e condições do programador desta app estar dito que as fotografias originais e os dados dos utilizadores são passados para um servidor da empresa, o que pode passar despercebido a muita gente.
Este detalhe pode parecer insignificante, mas tendo em conta que o tráfico de informação pessoal tem sido um dos grandes problemas das redes sociais recentemente (veja-se o escândalo Facebook/Cambridge Analytica), esta app tem tudo para ser a próxima grande agregadora de milhões de dados como a localização dos utilizadores, o nome, a idade e, claro, a fotografia.
A FaceApp tem uma versão gratuita que dura apenas três dias e, depois, tem de ser pagar para que a possamos usar na sua plenitude: são 3,99 euros por mês ou então um pagamento único de 39,99 (pelo menos em iOS).
Os hard users de Android sabem que é possível instalar aplicações no smartphone sem recorrer à loja oficial Play Store: há vários sites, outras lojas e repositórios onde se faz o download de um ficheiro chamado APK e que é, no essencial, uma aplicação.
O que acontece é que, ao contornar a loja Android oficial da Google, muitos destes APK podem ser usados para incluir aplicações piratas, versões gratuitas que, de outra forma seriam pagas – tal como acontece com uma versão pirata do Photoshop ou de outro qualquer programa para computador.
É isso que está acontecer com a FaceApp, alerta a empresa tecnológica de segurança ESET: «Detectámos que hackers usaram um site falso que afirma oferecer gratuitamente a versão premium do FaceApp. Na realidade, enganam as suas vítimas para que cliquem em inúmeras ofertas para instalar outras aplicações pagas, assinaturas, anúncios, pesquisas e assim por diante».
Há ainda outras falsas versões Pro da FaceApp que estão a ser promovidas por vários que estão no YouTube (como mostra a imagem, em cima) e que mostram links onde as pessoas supostamente podem descarregar o FaceApp. Contudo, o objectivo é, mais uma vez, «apontar para aplicações cuja única funcionalidade é fazer com que os utilizadores instalem outras aplicações».
A ESET avisa que links podem, inclusive, «levar a que os utilizadores descarreguem malware». Ora, este tipo de “vírus” infecta o smartphone e pode levar a que os hackers consigam roubar informação pessoal ou, no limite, tomar o controlo do telemóvel.
Como medidas de prevenção, a ESET «evitar descarregar aplicações de fontes que não sejam lojas de aplicações oficiais e verificar as informações disponíveis sobre a aplicação (desenvolvedor, avaliação, críticas, etc.)».