Catarina Portas abre guerra ao McDonald’s no Chiado

A empresária que fundou as lojas de comércio tradicional A Vida Portuguesa insurgiu-se no Facebook contra a abertura de mais um McDonald’s, desta vez no Chiado.

Conhecida pelo seu amor a Lisboa e aos costumes, tradições e cultura tradicional do País, Catarina Portas não teve meias-palavras para classificar a futura inauguração de um novo restaurante McDonald’s em Lisboa: «NOJO».

Foi assim que a empresária reagiu no Facebook à notícia de que vai haver um novo espaço de fast-food na zona Chiado, depois de uma foto enviada por outra utilizadora da rede social, Madalena Alfaia. O novo ‘Mac’ abre em breve no prédio da Barbearia Campos, em frente à Brasileira.

O prédio estava à venda, pelo menos, desde 2014 (data em que a foto do Google Street View foi tirada) pela imobiliária Coporgest e tem três andares e umas águas furtadas – dois desses andares serão ocupados na totalidade pelo McDonald’s, com 94 lugares sentados.

Contactada pelo TRENDY, a marca norte-americana de fast-food deixa Catarina Portas sem resposta: «A McDonald’s não irá comentar o post, uma vez que respeita todas as opiniões». Num comunicado que nos chegou às mãos, a empresa promete que o novo restaurante vai abrir ainda am Março, contudo ainda sem «data definida»·

Na declaração da McDonald’s podem ainda ser lidos alguns factos em relação à loja do Chiado. A empresa revela que o mesmo vai ter uma «decoração inspirada na cidade de Lisboa» e que o espaço resulta de um «projecto de reabilitação de um edifício da época pombalina».

Ao mesmo tempo, a McDonald’s deixa uma garantia: o prédio vai «continuar a albergar a Barbearia Campos e residências». O restaurante será ainda, segundo a empresa, responsável pela criação de cinquenta novos postos de trabalho.

Catarina Portas tem, ainda, feito alguns posts nos últimos dias onde se mostra contra algumas notícias que dão como quase certo o fecho de vários espaços emblemáticos em Lisboa para dar lugar a hotéis (como as discotecas Jamaica, Tokyo, o restaurante Palmeira ou a loja da Fábrica de Sant’Anna).

«Se o turismo serve para destruir a cidade que eu amo, então gozem as suas consequências. Só não sei porque não ficaram em casa – de certeza que tb têm lá muito disto», escreveu a empresária num dos seus posts mais recentes.

Os artigos de Catarina Portas na sua página de Facebook têm-se sucedido, alguns deles com frases bem fortes e que põem a “arder” as orelhas dos vereadores da Câmara Municipal de Lisboa responsáveis pelo pelouro do urbanismo e do turismo. Aqui ficam algumas delas:

«Ah, e não se esqueçam de comprar azulejos antigos roubados na feira da ladra até eles desaparecerem das fachadas dos prédios de Lisboa que acham tão típicos». [Num post irónico sobre um roteiro turístico em Lisboa].

«NOJO. O Chiado vai deixar de ser especial e vai ser igual a tudo – é o que devia estar escrito aqui.
Até onde vamos deixar destruir Lisboa?»
[Escreve Catarina sobre a abertura do MacDonald’s].

«Sem eles, não há diferença nem há vantagem. Seremos iguais a tudo o que é igual, incaracterístico».[Depois de lembrar o fecho da discoteca Jamaica e do restaurante Palmeira].

«É isto: desaparecem por toda a Lisboa os lugares fundamentais das vidas dos seus habitantes. Para quando uma alteração à Lei das Rendas que proteja o comércio antigo?» [Ao partilhar um post de Mariana Mortágua, deputada do BE].

Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo e-mail [email protected].