Novotel Lisboa tem um novo restaurante aberto ao público

O conceito já foi usado até à exaustão, mas isso não parece preocupar o Novotel: madeira, muita madeira, objectos vintage e o chavão da ‘gastronomia portuguesa reeinventada’ acabam de aterrar na Avenida José Malhoa, em Lisboa.

Se não houvesse uma placa a assinalar que estávamos no novo restaurante A Bicicleta, éramos capazes de jurar que tínhamos entrado numa Padaria Portuguesa ou num espaço vintage na LX Factory.

Este “novo” conceito de restaurante que acaba de chegar ao Novotel não esconde nada – é chapa cinco e está na moda, por isso mais vale seguir a carneirada que arriscar numa coisa nova.

Ponto assente: dentro do seu estilo, A Bicicleta está como peixe na água. Experimente levar lá os avós ou os pais e vai perceber logo que este é um espaço que alude à meninice dos séniores, com a sua decoração anos 40, mas que não deixa de piscar o olho aos yuppies dos bancos da José Malhoa, com os seus burguers.

Quer dizer, com um único burguer, que parece não ter nada de especial para se chamar apenas isso, ‘Burguer’.

São 150 gr de carne e um punhado de batatas que já nem se serve nas hamburguerias da especialidade, onde por oito euros levamos bacon, ovo, queijo edam, alface, tomate e uma data de outras combinações que aqui não existem. É pão, carne e batatas, com café no fim.

«A Bicicleta garante uma viagem sensorial pelo melhor que tem a gastronomia portuguesa». Bem, com esta afirmação, os chefs dos restaurantes nacionais que ganharam este ano as Michelin devem estar a sentir-se uns aprendizes de cozinha.

As amostras que experimentámos na inauguração estavam óptimas, aliás, como seria de esperar em qualquer restaurante: quem tem só um trabalho a fazer, tem de o fazer bem. Se só vamos cozinhar comida, o mínimo é que tudo esteja bom.

Mas daí a ser uma experiência sensorial vai uma grande diferença: para aí uma ou duas estrelas Michelin.

Recorrendo ao folclore dos bairros típicos lisboetas, A Bicicleta guiou-nos numa viagem que, a fazer de velocípede, nos ia deixar de rastos: Bairro Alto, Alfama, Chiado, Belém e Baixa, um sobe e desce constante. Mas como não saímos o rés-do chão do Novotel, tudo soube a pato, desde bao com bifanas à salada de polvo.

No entanto, a prova a sério fica para mais tarde, pois coisas como o Bacalhau à Brás Tex Mex ou as Asinhas de Frango com Molho Hosin por 9 e 7,50 euros serão muito divertidos de experimentar.

E não nos podemos esquecer que num menu com a extraordinária quantidade de cinco pratos há um apenas que respeita as recomendações para uma alimentação equilibrada – como não podia deixar de ser, vegetariano: Legumes Grelhados com Ervas Frescas a troco de 6,50 euros.

Por isso, já sabe: nada de comer Camarão Al Ajillo com Gengibre (12 euros!?) ou Pica Pau do Lombo com Pickles Grelhados (12,50 euros?!) se quiser ser saudável a andar nesta Bicicleta. Além disso, são pratos que não ficam nada a dever à poupança.

Aliás, segundo os responsáveis pelo próprio restaurante, o custo médio de um almoço, onde vai poder encontrar este menu, é de 15 euros, por pessoa. Se for ao jantar, o preço sober para os 20 euros.

Um dos objectivos d’A Bicicleta é o levar mais gente a comer nos restaurantes de hotel algo que está muito pouco enraizado na cultura portuguesa.

E com estes preços, essas raízes devem ficar ainda mais fortes, uma vez que nem o menu, nem o espaço, parecem reflectir os valores exorbitantes que este velocípede de lugares comuns pede para ser montado.

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O TRENDY esteve na inauguração do restaurante A Bicicleta a convite do Novotel.

Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo e-mail [email protected].