Babi Pereira: «O trabalho que uma consultora de imagem faz é, sobretudo, psicológico»

Nunca as portuguesas tiveram tanto cuidado com a sua imagem como hoje. Dicas de maquilhagem, roupa, acessórios e penteados são muito procuradas. A ajuda pode surgir de profissionais como Babi Pereira, uma das mais conhecidas consultoras de imagem nacionais.

Mas além deste tipo de ajuda, existem ainda serviços de Closet Cleaning (limpeza de armário em português), Personal Shopping (compras personalizadas) e Styling.

As bloggers que se afirmam como ‘fashion advisers’ multiplicam-se pela Internet, mas nem sempre é fácil de perceber o que oferecem estes serviços e foi isso que o TRENDY quis perceber! Para descobrir o que significa isto de ser consultora de imagem falámos com Babi Pereira, autora do blogue Babi a Única.

Quando dizes que és fashion adviser, significa que fazes o quê?
Significa que para além de ajudar homens e mulheres a atingirem as mudanças que pretendem, a nível de imagem, ajudo-os (as) a perceber o tipo de corpo que têm, o que lhes favorece e não.

Que bases dás à pessoa para que possa continuar a escolher o que melhor lhe fica depois da consulta contigo?
Acima de tudo uma consultora de imagem tem de ter uma forte sensibilidade de forma a compreender as necessidades e as motivações de quem a procura. Saber ler e interpretar a linguagem não-verbal e tudo aquilo que não é dito. Procuro sempre incentivar a imaginação e desmitificar muitas das ideias pré-concebidas que temos sobre nós e o nosso corpo. Tento também dar conselhos práticos, aplicáveis ao dia-a-dia, sempre baseados na realidade da pessoa.

Qual é a tua formação? Acreditas que esta é importante para dar legitimidade à tua profissão?
Como em qualquer uma obviamente que sim. Os cursos e a formação que temos para além de competências servem exactamente para nos legitimar em determinada profissão. Tenho dois cursos em Consultoria de Imagem (Imago Styling Course da Creative Academy) e Styling e Assessoria de Imagem (Escola de Moda de Lisboa), assim como outros associados mas ligados mais à Comunicação, como Jornalismo de Moda e Comunicação de Marcas de Luxo. Além disso tenho certificação oficial de formação para formadores e daí também dar formação na área.

Há quanto tempo exerces esta profissão? Sentes que a procura por este tipo de serviço tem aumentado?
Apesar de já o fazer há mais tempo, oficialmente sou consultora de imagem há sete anos, altura em que fiz o primeiro curso na área. Ao longo dos anos, tenho notado alguns altos e baixos, naturalmente, mas sinto que cada vez é um serviço ao qual é dado a devida importância logo, acredito, que a tendência natural é que seja algo cada vez mais procurado.

Qual a tua opinião sobre a quantidade de bloggers que actualmente se afirmam entendidas em moda e oferecem os mesmo serviços que tu?
Antes de mais e se calhar ao contrário da maior parte dos casos, o blogue nasceu como consequência natural da minha profissão e não apenas por considerar que me sei vestir, que tenho bom gosto ou “olho de lince” para ir às compras, como costumo dizer. Não é por escrever sobre produtos de maquilhagem, por exemplo, que isso faz de mim maquilhadora.

Se isso acontece não devia, pois assim qualquer pessoa podia ser médico, contabilista ou arquitecto, desde que gostasse do tema. O trabalho que uma consultora de imagem faz é muito mais que dizer o que vestir, é sobretudo um trabalho psicológico em que se trabalha muito com a auto-estima e auto-confiança logo o conceito de responsabilidade é algo que deveria estar implícito.

Ao contactar uma Fashion Adviser, a que é que as clientes devem ter atenção antes de contratarem o serviço para reconhecerem se estão perante uma ajuda competente? Há algumas dicas rápidas que possas partilhar com as nossas leitoras?
Procurar referências. Não é o que tendencialmente fazemos quando queremos encontrar alguém especialista numa determinada área? Testemunhos de quem já o fez são sempre óptimos e reais indicadores.

Em que consiste um serviço de ‘closet cleaning’? Deitas a roupa feia ou que não se adequa fora?
Tento nunca fazer juízos de valor baseados na minha opinião sobre o que é feio ou bonito. Substituo por adequado ou não. Não deito nada fora e tento aproveitar o máximo de peças possíveis.

Tudo é separado e o que junto “para ir” é sempre reaproveitado para associações ou para pessoas que necessitem. Cada closet cleaning que faço é único, pois é feito consoante o objectivo da pessoa que me procurou e que é sempre definido previamente.

Além da análise de todas as peças e da separação do que pode ser aproveitado (e não) desde roupa a acessórios, calçado, etc., é elaborada uma Lista de Compras com tudo o que está em falta e é feito também um Lookbook com todos os coordenados criados ao longo do closet cleaning que pretende ajudar nas escolhas do dia-a-dia.

Acima de tudo pretendem ser umas horas divertidas e de descoberta. Do corpo e do próprio roupeiro. A verdade e o que tenho verificado ao longo de todos estes anos é que não existe nenhuma noção nem da quantidade de coisas que temos nem daquilo que nos favorece ou não.

As pessoas têm a ideia que este serviço é muito caro… quando fazes um serviço de Personal Shopper a pessoa pode definir um orçamento ou tens de ter liberdade total?
Depende do que se entende por ‘caro’. Se pensarmos no tempo que poupamos em não andar à procura do que queremos (que muitas vezes nem sabemos e andamos horas num shopping às voltas) e no que se aprende ao fazermos compras com alguém profissional, as chamadas compras inteligentes, no final, a palavra mais correcta será poupar. E é exactamente isso que acontece.

A percepção do quanto, a nível de tempo e dinheiro, que poupámos em comprar o adequado ao melhor preço. A minha liberdade nunca é total pois antes deste tipo de serviço a cliente é que decide sempre qual é o orçamento existente.

Às vezes as mais recentes tendências da moda não combinam com a personalidade de toda a gente. Como é que te preparas para um serviço de personal shopper?
Antes tenho sempre uma conversa com a pessoa para perceber quais as suas necessidades, gostos e objectivos com a contratação deste tipo de serviço e sobretudo tenho sempre que perceber qual o seu dia-a-dia, a profissão, etc.

Consoante aquilo que é necessário comprar e consoante o orçamento que me é dado, faço uma pesquisa (muitas vezes “apenas” mental) de quais são as lojas mais adequadas para ir.

O styling é um serviço mais esporádico e direccionado para situações especificas, como uma sessão fotográfica. Dirias que é o momento em que um consultora de imagem é mais imprescindível, ou o saber vestir no dia-a-dia é mais importante?
São situações totalmente diferentes em que é difícil dizer qual é a mais importante. Se para uma sessão de styling é bastante importante, sem dúvida para o dia-a-dia também o é. Um dos meus lemas de vida e de profissão é que podemos sempre melhorar.

E se pensarmos que nos sentirmos bem com aquilo que mostramos ao mundo é fundamental para o nosso bem-estar e auto confiança então o saber vestir no dia-a-dia é cada vez mais importante.

Falando em valores, quanto cobras por cada um dos teus serviços e quanto tempo é que normalmente duram?
Tanto o tempo como os valores dependem do tipo de serviço em questão e do número de horas, excepto os serviços de styling e a formação que são valores fixos. Um closet cleaning em média demora três a quatro horas e uma sessão de personal shopping, no máximo quatro horas e os valores variam entre 25 e 30 euros por hora.

Na tua opinião o que mudou nos últimos anos na maneira como as mulheres portuguesas se vestem e se dedicam à sua aparência?
Penso que, felizmente, há cada vez mais um maior culto e preocupação com o ‘eu’ e isso passa também por cuidar da nossa aparência. Ainda assim e falando em traços muito gerais, na minha opinião a mulher portuguesa ainda tem um longo caminho a percorrer, no sentido de se conhecer e se valorizar mais.

Queres deixar umas dicas básicas às nossas leitoras, para que saiam sempre se casa confiantes?
NUNCA sair de casa sem passar pelo espelho, (de corpo inteiro, claro). Repetir este exercício (o de passar por um qualquer espelho), várias vezes durante o dia, e pelo menos numa delas dizer: (Se em voz alta melhor ainda) «Estás tão gira hoje».

Começou como jornalista em 2011 na revista PCGuia e em 2013 tornou-se editora do programa de televisão LOGIN PCGuia. É apaixonada por novas tecnologias e adora moda e decoração. As suas outras paixões incluem os animais, bons restaurantes e, como a maioria das mulheres, sapatos!